Dois tipos de cidadãos o Brasil precisa: aqueles que estão no exterior e denunciam o que está acontecendo no Brasil, e aqueles que estão no Brasil, alguns quietos (mas não calados) e outros nem tanto.
Não é possível o Brasil melhorar com uma perna só.
Precisamos dessas duas pernas.
Ontem (22/08/2024), Pablo Marçal acusou Paulo Figueiredo de não ter coragem de vir para o Brasil fazer a entrevista com ele, pois acredita que ele está se escondendo, e que a verdadeira revolução acontece lutando pelo Brasil real daqui.
O Marçal não entende nada do que está acontecendo por falar uma besteira dessas, bem como aqueles que o acusam de “não denunciar o sistema”.
Vou explicar.
Todos os alunos do Olavo de Carvalho acham que todos devem denunciar as falcatruas em território nacional. Isso é loucura. Eles esquecem que ele mesmo disse que a revolução se faz fora de sua nação (ele usa uma citação de Lenin).
Todos serão cassados um por um, e é preciso que aquelas pessoas que se sentem vocacionadas a denunciar saiam imediatamente do Brasil. Acabou o jogo. Você não pode falar o que quiser aqui, e não vai mudar nada estando preso.
Pensando bem, a única vantagem de haver presos políticos de forma injusta é que isso servirá de prova no futuro de que o sistema tirano está implantado e funcionando muito bem.
E se você tem falado contra o governo e não tem acontecido nada, talvez seja porque sua opinião é irrelevante.
Os dois lados da direita
Num primeiro momento, aqueles que estão fora serão mais úteis. Podem denunciar abertamente, informando o próprio povo brasileiro de tudo o que está acontecendo. Quanto mais gente informada sobre tudo isso, melhor.
E o grupo que está no Brasil, de momento, irá fazer o que puder por aqui, ou seja, quase nada. Tudo o que é feito de bom é desfeito com uma canetada e uma algema no mesmo dia. Quando foi a última vez que algum conservador fez algo relevante para combater o sistema e que tenha vencido?
Do lado de cá (os que estão no Brasil), vejo dois grupos que podem ser úteis:
- Aqueles que têm se posicionado contra o sistema e estão denunciando moderadamente, como têm feito alguns deputados. É muito útil que eles (os políticos) produzam documentos contra a ditadura, isso tem muito mais valor do que artiguinhos em jornal e posts em redes sociais. Eu digo moderadamente porque você não pode comparar as falas do Nikolas Ferreira com as do Allan dos Santos.
- Quem está na caverna do Batman e pode trabalhar até mesmo com seus inimigos. É alguém que está posicionado contra o sistema, mas sem citar nomes, como é o caso do Marçal. É isso mesmo. Eu também não gosto disso. O jogo está perdido, a partida acabou. Agora é esperar o próximo campeonato. Todos serão silenciados um por um. São os expurgos do sistema. É preciso ter pessoas que podemos contar quando surgir uma oportunidade. É bom ter alguém que trafega no sistema e consegue conversar com os dois lados, desde que não seja uma aliança e servidão a uma ditadura. Mas será que podemos confiar em alguém assim? Não sabemos, mas é o que temos. Os seus frutos ficarão visíveis um dia, seja bom ou ruim. Conversar com opositores pode parecer errado, mas você mesmo deve ter um tio ou primo imoral que bate na mulher e você ainda conversa com ele.
Não será útil estar preso por fazer denúncias graves contra o sistema estando ao alcance deles, a menos que isso conte como um número a mais nas estatísticas dos mártires. Mesmo que metade do povo brasileiro seja presa, não irá mudar por causa daqueles que têm o poder de polícia. A força do Estado é desproporcional.
É preciso uma estratégia mais inteligente.
É preciso convencer aqueles que realmente têm o poder de fazer as coisas mudarem. Estou falando daqueles 1% que sempre decidiram sobre tudo o que acontece desde que a humanidade existe: a elite intelectual.
Boa ou ruim, a elite intelectual é que influencia as massas.
Com certeza só ficar quieto não é a melhor saída. Por isso, nossos jornalistas e influenciadores do exterior têm tanto valor:
Como as ditaduras caem
Reconhecimento internacional
Nenhuma ditadura caiu sem o reconhecimento da comunidade internacional de que aquele país era uma ditadura, e como eles vão reconhecer isso sem esfregar na cara deles todos os dias o que tem acontecido por aqui? É preciso ter o conhecimento, mas também a mudança de percepção, que começa quando há repetição dos mesmos temas.
Recentemente, políticos dos Estados Unidos criticaram duramente o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, Alexandre de Moraes, devido às suas ações de censura nas redes sociais, especialmente no Twitter. Esse posicionamento ocorreu em resposta a denúncias apresentadas por jornalistas e influenciadores brasileiros no Congresso Americano, que expuseram como Moraes tem usado o poder judicial para silenciar críticos, principalmente conservadores, sob o pretexto de combater a desinformação.
Nos últimos anos, Moraes ordenou o bloqueio de centenas de perfis em plataformas como Twitter e Facebook, alegando a necessidade de preservar a ordem democrática. No entanto, muitas dessas ações foram vistas como ataques diretos à liberdade de expressão, especialmente porque frequentemente envolvem críticos do governo brasileiro ou aqueles que questionam as ações do próprio Moraes. Esta censura generalizada chamou a atenção de comitês do Congresso dos EUA, que veem essas medidas como uma ameaça aos valores democráticos e uma advertência do que pode acontecer quando o governo tenta controlar o discurso público.
Isso vai dar em alguma coisa? Não sei, talvez não dê em nada. Mas documentos oficiais foram criados, tanto nos EUA como no Brasil, e no futuro teremos mais provas substanciais dos acontecimentos. É diferente de conteúdo produzido para a internet, que pode ser desmentido e desacreditado facilmente, não que todos os documentos sejam verdadeiros em si, mas é a prova de que houve divergências, assim como hoje praticamente acreditamos em qualquer pedaço de manuscrito encontrado como verdade absoluta do que aconteceu no passado.
Olhando para essa pintura, historiadores vão afirmar que nessa sociedade havia surubas em grupo, e vão divagar e trazer outras conclusões, como dizer o comportamento cotidiano deles. Mas quem garante que estes homens da caverna estavam pensando em retratar fielmente a sociedade? Talvez seja um bando de garotos que não tinham o que fazer e estavam zoando, assim como os garotos de hoje fazem pinturas de pinto nas carteiras escolares, tudo na brincadeira.
Imagine a cena que estes rapazes vão causar daqui a 5000 anos quando encontrarem resquícios de uma civilização antiga como a nossa.
Mídia nacional
Uma outra porcentagem de influência significativa é a mídia nacional. Se a Rede Globo, UOL e Folha decidirem que o Lula deve sair, ele vai sair como uma diarreia provocada. É a mídia que põe o laxante. Se dependermos disso, atualmente estamos perdidos. É preciso no Brasil jornais, influenciadores e empresas de mídia que não apoiem a ditadura, mas que também não falem muito mal (pois serão banidos imediatamente). É preciso mudar a percepção e influenciar gerações a longo prazo, e somos fruto dessa influência negativa da mídia tradicional.
Mas no momento atual, é muito interessante os brasileiros abrirem jornais e empresas de mídia lá fora. Podem falar abertamente sem medo.
Já faz alguns anos que eu não entendo por que o Allan dos Santos, Paulo Figueiredo, Rodrigo Constantino e todos aqueles influenciadores que foram para Orlando não estão juntos, criando o melhor conteúdo de língua portuguesa. Eu não sei se falta união, visão ou dinheiro. Não precisam estar juntos, mas nessas horas faz falta um grupo empresarial grande que dê suporte a estes cidadãos para transmitirem sua mensagem lá de fora.
Olavo já dizia que metade da população é conservadora, mas não existe sequer um jornal conservador, não tem um único canal de televisão conservador. Quem apostar nisso corre o risco de ficar muito mais rico.
Aqueles 1% que mudam o jogo
Outros grupos que influenciam nações são aquelas pessoas que tomam decisões e que têm influência sobre um monte de pessoas.
Políticos, empresários, influenciadores, jornalistas, empregadores, professores, escritores.
A maioria das pessoas não sabe de onde vêm as ideias que influenciam a sua própria conduta; essas ideias vêm dessa gente aí.
Quando todos falam a mesma coisa, aquilo fica parecendo verdade. No começo, há resistência, mas depois começam a ceder.
A influência cultural é muito mais forte do que qualquer governo. O problema é que leva tempo para colher os frutos.
Não subestimem a influência de um escritor. A sua fé filosófica foi construída com base em textos sagrados e isso muda completamente as suas escolhas.
O que deve ser feito
Não há muito o que fazer a não ser agir da melhor forma possível, de acordo com as oportunidades e circunstâncias que se apresentarem num dado momento.
Todos devem se unir, seja abertamente ou secretamente. Que cada um lute a sua luta sem trapaça.
Também devem criar uma rede de relacionamento informal com pessoas de outros países que compartilham a mesma visão, denunciando para a mídia, políticos de outros países e aqueles 1% que produzem e tomam as decisões.
Empresas de mídia, concurso público, participação na política local, estar nos conselhos tutelares, escrever livros. Tudo isso é válido.
Se você for um crítico ferrenho do governo e do sistema, irá cair cedo ou tarde. Você ataca um e eles se juntam em grupo para te destruir.
Não tem como vencer em todos os casos. Quem vive no Brasil precisa recuar para pegar impulso. Trabalhar com o que tem, ter uma personalidade forte e caráter aprovado.
Alguns vão fazer uma revolução silenciosa para fazer do outro melhor e aproveitar bem as oportunidades. As circunstâncias podem mudar do dia para a noite e eles podem estar em vantagem.
Outros serão a oposição que late que nem cachorro amarrado, alertando a todos para não cair no erro, e mantendo os conservadores conscientes. Mas se esse cachorro causar perigo para o sistema, vão dar um jeito de calá-lo.
E tem aqueles que não têm papas na língua e vão expor todos os podres que acontecem no Brasil, estando eles fora.
Todas essas peças podem ser úteis se bem ajustadas.
Ainda há alguma resistência e precisamos agir rápido e em conformidade com nossa vocação e chamado, pois quando aqui chegar no nível de Cuba ou Coreia do Norte, não há mais nada o que fazer.
O placar do jogo pode mudar a qualquer instante.